Reações extremas a problemas do cotidiano relacionados com qualquer tipo de nova tecnologia são sinais de tecnoestresse
Se você entra em pânico a cada vez que se depara com um novo programa de computador, fica ansioso à espera de um e-mail ou perde a paciência sempre que uma página da Internet demora mais de 20 segundos para abrir, cuidado: você pode ser um tecnoestressado. Estresse, segundo o Dicionário Aurélio, é um conjunto de reações do organismo a agressões de ordem fÃsica, psÃquica, infecciosa e outras, capazes de perturbar a homeostase (tendência a estabilidade interna do organismo) do indivÃduo.
Tecnoestresse nada mais é do que este conjunto de reações provocado por qualquer estÃmulo causado pela tecnologia. Bip, telefone celular, computador, forno microondas e controle remoto. Tudo pode causar tecnoestresse. O comportamento se define como doença quando a cobrança para se adaptar à s novas tecnologias se torna constante.
O termo tecnoestresse surgiu pela primeira vez na década de 80, com o psiquiatra americano Craig Brod. O tecnoestressado, geralmente, tem baixa tolerância à frustração, nÃvel de ansiedade muito alto, falta de concentração, disfunção do sono e atitudes agressivas. O doente pode também deixar de fazer tarefas que lhe cabe e se isolar socialmente.
– Se o tecnoestressado aperta o botão errado, ele se desespera – exemplifica a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente do Internacional Stress Management Association do Brasil (Isma-BR).
Para a psicóloga e professara da Universidade Católica de BrasÃlia Lêda Freitas, a doença se manifesta, sobretudo, quando não temos as respostas na rapidez que esperamos. Desde 2002, Freitas desenvolve a tese de doutorado Riscos de Adoecimento do Professor que Atua em Ambiente Virtual.
Qualidade de vida – Pesquisa realizada pelo Isma-BR nas cidades de Porto Alegre, São Paulo e BrasÃlia, mostra que a evolução tecnológica pode incomodar em vez de ajudar. Feita para avaliar as causas do estresse profissional no dia-a-dia, a pesquisa ouviu a opinião de mil brasileiros dentre profissionais liberais, executivos e empresários. Destes, 170 afirmaram que a tecnologia interfere de forma negativa na qualidade de vida. A pesquisa foi realizada no perÃodo de 2002 a 2003, mas ainda não foi divulgada.
Segundo a psicóloga Ana Maria Rossi, uma boa maneira de evitar o tecnoestresse é praticar exercÃcios fÃsicos, fazer relaxamentos e alongamentos no decorrer do dia.
Experiência – Estresse devido à s rápidas mudanças de atividades, em especial no ambiente de trabalho, também pode ser chamado de tecnoestresse. Há dois anos, o analista de sistemas Marco Antônio Tostes, assessor do Departamento de Tecnologia da Informação do Banco Central (BC), passou de técnico a gerente de equipe.
– A mudança foi muito rápida. Novos métodos de trabalho eram necessários e a organização demandava um perfil mais voltado para as relações humanas. Eu mexia com a parte fria, com a máquina – conta. Ansiedade para acompanhar as mudanças, autocobrança, insatisfação profissional, dificuldades em relacionamentos, associadas à falta de lazer e de exercÃcio fÃsico e problemas pessoais. Isto levou a duas crises de depressões e queda no desempenho profissional.
Para sair do problema, Antônio contou com o apoio das equipes de saúde do BC, que fizeram o acompanhamento e assessoria do caso. Para ele, tanto a ajuda da organização, quanto o auxÃlio de outros profissionais foram fundamentais.
– Os meus problemas estavam relacionados com os problemas organizacionais. Não era simplesmente dar um atestado e mandar para a casa.
Lazer, alimentação saudável, exercÃcios fÃsicos regulares, busca da espiritualidade e do prazer em fazer um bom trabalho foram a receita para enfrentar o problema. Associados a isso, a presença de seu cachorro de estimação.
– O cachorro foi o gatilho para me puxar de volta à vida.
Saiba como evitar a doença
Especialistas da área da saúde têm realizado estudos e pesquisas para identificar formas de evitar o tecnoestresse. Nos EUA, o movimento Down Tech, criado há cinco anos, diz que um produto tecnológico deve atender a necessidade básica do consumidor e só. Por exemplo, se o desejo é de comprar um celular para fazer ligações, a pessoa não deve levar o aparelho mais moderno, que tem inúmeras funções. Deve-se definir prioridades em relação ao produto e ser disciplinado.
– A idéia é não se deixar seduzir pelas promoções e pelas ofertas do vendedor, independente do preço – afirma a psicóloga Ana Maria Rossi, que explica que ter um produto de fácil manuseio, sem precisar de manuais complicados, evita o tecnoestresse.
Reduzir o número de atividades no dia-a-dia também é uma dica para escapar da doença. Para a psicóloga, o ”multitarefas” tende a perder a concentração e a qualidade dos serviços. Organização e planejamento também são boas sugestões.
– Não deixe as tarefas por último. O provedor pode não funcionar, o celular pode não pegar e computador pode pifar.
E se o computador falhar, Ana Maria avisa que o melhor é ter paciência. A psicóloga sugere uma respiração profunda, um relaxamento rápido e uma viagem mental.
– Tem que ter paciência para lidar com as situações.
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